A poesia no divã
Enquanto te confundo
equilibro-me.
Rabisco versos com sangue.
Alimento-me de sonhos,
bebo ilusões.
Trago tristeza e alegria aos
corações.
Verso sobre sonhos e paixões,
nem sempre verdadeiras.
Na poesia que faço
falo de momentos de felicidade
tristezas ou de saudades,
que nem sei se já os vivi,
ou se ainda irei viver.
Inspiro-me em tudo que vejo,
sinto ou pressinto.
Pode ser um filme que assisti,
uma história que ouvi.
ou alguma coisa que li.
Posso em meus versos sofrer,
chorar ou me desesperar
até pela dor alheia.
Rabisco sentimentos na areia.
Estou sempre
alerta às vozes dos sentidos,
a cada nova
descoberta.
E quando bate a vontade
de alguns versos rabiscar,
utilizo sem riscos uma receita
especifica,
que por sua simplicidade chega
ser magnífica -
misturo:
fatos observados com cenas
imaginadas.
Adiciono sonhos, amor,
tristezas, alegrias,
meus sentimentos e teus
momentos
ás minhas fantasias.
É assim que faço poesia!
Adoro falar e escrever.
mas tem uma coisa
que me faz entristecer,
emudecer...
Quando vejo alguém tentar
um poema meu analisar,
interpretar – dilacerar.
Fato que o escritor Manoel de
Barros
chama de estuprar.
Sandra L. Felix de Freitas®
“Poesia está sempre no escuro regaço
das fontes. Sofro medo de análise. Ela enfraquece a escureza das fontes; seus
arcanos. Desses grandes poetas, que admiro e leio com devoção, eu não faria
análise nunca. Nem comparativa. Primeiro porque não sei decompor. Segundo: não
tem segundo. A grande poesia há de passar virgem por todos os seus
estupradores. Pode ser amada, nunca analisada.”
(Manoel de
Barros, Livro sobre nada, Rio de Janeiro: Record,1996, p.51)
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