A Exaustão do Afeto
Às vezes, cansa…
Cansa ser a pessoa
Que está sempre presente,
que sempre estende a mão.
Aquela que se doa,
Que se entrega inteira
Em qualquer relação.
Cansa ser aquela que luta,
Acolhe, apoia e escuta,
Ainda que ninguém se preocupe
Com suas necessidades
E sua felicidade.
Ela finge que não sente — mas, por favor, não a culpe
Ela esteve sempre disponível
A quem dela precisou,
No resto do tempo, era quase invisível.
Sempre deu o seu melhor,
Em cada gesto ou palavra,
Até no silêncio que guarda a dor.
Para não incomodar ninguém,
Aceitava migalhas também.
Fez o possível - e até o impossível,
Para ver felizes aqueles que amava.
Mas tantas vezes, o que voltava
Era o eco do vazio.
E no fim do dia,
quando o mundo silencia,
ela se perguntava:
“Quem de mim cuidaria
Com a mesma dedicação?
Quem minhas lágrimas veria -
Aquelas que escondo
Por trás dos sorrisos?
Quem perceberia
Que a força que eu demonstro
Muitas vezes é só o que sobrou
Depois de esconder a dor?”
Ela não queria recompensas.
Só queria sentir que também era lar.
Que seu coração, tão entregue,
Também seria lembrado.
Que seu esforço
Não passaria despercebido.
A ausência da reciprocidade,
machucava com intensidade.
No peito, silêncio sombrio,
A falta de cuidado feria,
Mas ela não desistia.
Até aquele dia…
A verdade é que,
por trás de tanta entrega,
existe uma alma exausta
que também desejava abrigo.
Sandra L Felix de Freitas
23/05/25
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