Voa, passarinho… Voa

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Voa, passarinho… Voa


Poderia eu perder
aquilo que nunca tive?
O que nunca,
nem por um momento sequer,
a mim pertenceu?
No entanto, a sensação
de perda em minha alma
é tão intensa, tão grande,
que sinto como se tivessem
me arrancado um braço,
as pernas, o coração
ou outro órgão importante.
Perder-te é, para mim,
o mesmo que mutilação.


Em meu ventre,
te carreguei,
guardando para ti
sonhos infinitos —
todos muito bonitos.
Em meu peito te alimentei,
matei tua fome,
embalei e acariciei.
Fui teu farol e porto seguro,
companhia na solidão.
Curei tuas dores.
E com meus beijos,
enxuguei as lágrimas
dos teus dissabores.


Eu te queria assim,
sempre pertinho.
Mas és passarinho:
sempre com muito amor,
tens asas e queres voar,
buscar teu caminho,
construir teu próprio ninho.
Não, não serei eu a impedir
que te lances a este voo.
Ainda que desconhecido,
e de certa forma, temido,
tuas asas irão te levar,
de forma segura — espero eu —
ao lugar que sonhas,
que pretendes chegar.

E eu ficarei aqui,
na torcida silenciosa
pelo teu sucesso, pelo teu sorrir.
Ficarei à espera de um dia
te ver voltar feliz, vitorioso, 
sorrindo glorioso.
E contigo, filho, vibrarei,
sorverei cada gota
de tuas lutas e vitória,
de tua alegria.

Mas, se em teu voo 
descobrires que perdeste
o norte, o sorrir ou o encanto…
Saiba que estarei aqui,
no mesmo canto,
e servirei de plumas
para te amparar,
acaso venhas algum dia
de tua mãe precisar…


Por ora,
meu querido menino,
busca teus sonhos,
sem perder tua fé,
sem esquecer
o que te foi ensinado.
Mas vá à luta!
Faça acontecer.
Busca teu caminho…
Voa, passarinho… Voa!

Para meu filho, com amor
Janeiro/2005

Sandra L. Felix de Freitas

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