A poesia no divã
A Poesia No Divã
Enquanto te confundo,
equilibro-me.
Rabisco versos com sangue.
Alimento-me de sonhos,
bebo ilusões.
Trago tristeza e alegria aos corações.
Verso sobre sonhos e paixões —
nem sempre verdadeiras.
Na poesia que faço,
falo de momentos:
de felicidade,
de saudade,
ou de tristeza —
nem sei se já os vivi
ou se ainda irei viver.
Inspiro-me em tudo que vejo,
sinto ou pressinto:
um filme que assisti,
uma história que ouvi,
ou algo que li.
Posso, em meus versos, sofrer,
chorar ou me desesperar
até pela dor alheia.
Rabisco sentimentos na areia.
Estou sempre alerta
às vozes dos sentidos,
a cada nova descoberta.
E quando bate a vontade
de alguns versos rabiscar,
uso sem riscos uma receita simples —
e por isso, magnífica:
Misturo
fatos observados
com cenas imaginadas.
Adiciono sonhos,
amor,
tristezas,
alegrias,
meus sentimentos
e teus momentos
às minhas fantasias.
É assim que faço poesia.
Adoro falar e escrever.
Mas há algo que me entristece,
me faz calar:
É ver alguém tentar
um poema meu interpretar,
dilacerar —
como se fosse dissecar.
Coisa que, segundo Manoel de Barros,
é o mesmo que estuprar.
Comentários
Postar um comentário