Da Vida Que Não Vivi

Da Vida Que Não Vivi


DA VIDA QUE NÃO VIVI


Amanheceu.

Mais um dia começa.

O sol desponta ao longe,

tímido… sem pressa.


Nuvens pesadas vestem o céu

com um manto sombrio

que chora em silêncio

seu pranto frio.


A chuva fina sempre me traz

esse velho sentimento:

vazio… perda…

ausência de alento.


Nessas horas percebo

como me sinto perdida —

caminhando sozinha

num canto esquecido da vida.


Afogo-me, lenta e dolorosamente,

no mar escuro das lembranças

que, até hoje, não sei

se foram luz ou sombras.


Fui apenas vivendo,

deixando a vida passar

sem saber

se era feliz.


Hoje, presa no tempo,

no espaço,

acordei com as memórias

da infância…


Sonhava ser tanta coisa:

bailarina,

flautista,

pianista…

ficar bonita…


Queria conhecer o mundo,

atravessar desertos,

ver de perto Luciano Pavarotti,

viajar no espaço,

ser astronauta…


Mas descobri,

com dor calada,

que a saudade mais funda

é da vida não vivida.


Pergunto ao meu coração:

seria capaz

de voltar no tempo

e, desta vez,

fazer tudo de novo —

sem errar?



Sandra L. Felix de Freitas®
21/01/2005.

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