Voa, passarinho… Voa
Imagem obtida por IA Voa, passarinho… Voa Poderia eu perder aquilo que nunca tive? O que nunca, nem por um momento sequer, a mim pertenceu? No entanto, a sensação de perda em minha alma é tão intensa, tão grande, que sinto como se tivessem me arrancado um braço, as pernas, o coração ou outro órgão importante. Perder-te é, para mim, o mesmo que mutilação. Em meu ventre, te carreguei, guardando para ti sonhos infinitos — todos muito bonitos. Em meu peito te alimentei, matei tua fome, embalei e acariciei. Fui teu farol e porto seguro, companhia na solidão. Curei tuas dores. E com meus beijos, enxuguei as lágrimas dos teus dissabores. Eu te queria assim, sempre pertinho. Mas és passarinho: sempre com muito amor, tens asas e queres voar, buscar teu caminho, construir teu próprio ninho. Não, não serei eu a impedir que te lances a este voo. Ainda que desconhecido, e de certa forma, temido, tuas asas irão te levar, de forma segura — espero eu — ao lugar que sonhas, que pretendes chegar. E...