Ser Mãe
Ser mãe é mais que querer. É aliança que o céu escreveu, renúncia em silêncio, entrega sem fim. É aceitar o dever — não por prêmio, mas pelo dom de amar. Ser mãe é lançar-se inteira ao pacto silencioso, compromisso com a vida em mudança, com a integridade e esperança. Ser mãe é abrigo em tormenta, raiz que sustenta, braços que acolhem, olhos que cuidam, beijos que curam, coração que ora se abre, ora se encolhe — corrige, mas não censura. Mas ser mãe… dói. É dor que modela a alma no ventre, a pele que se desfaz sem cautela em linhas rubras de sacrifício: estrias que marcam amor sem medida. As estrias da criação. A gestação é rito e provação: náuseas, vertigens, intestinos em rebelião. Fraquezas que derrubam o corpo — mas não sua missão. E quando o ventre anuncia o fim, a dor se espalha: da barriga ao resto do corpo. No limiar do parto, o corpo treme em contrações que parecem rasgar e tiram tudo do lugar. Ser mãe é sentir medo no momento que deveria de felicidade. Mas e...