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Zolpiden

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De repente, tudo escureceu. Sem razão aparente, tudo perdeu o sentido. Já não havia alegria, tampouco disposição para mexer o corpo, para mover a alma. De repente, tudo perdeu o brilho. Não havia nuvens espessas, mas o céu pesava como chumbo. Era dia e era noite, era refúgio e martírio, amparo e açoite. E no meio desse breu, surge um recurso, não como cura, mas como porta estreita para longe do barulho do mundo. Uma breve fuga, da ausência de coragem de enfrentar o vazio do dia a dia. E, de repente, fez-se caverna — um silêncio denso, lugar onde ninguém entra, onde até os próprios pensamentos andam descalços, Zolpiden. Mas o alívio é curto, como sopro que apaga e reacende a mesma dor. Ainda assim, há algo — um fio tênue, quase invisível — que insiste em não romper. Um fio teimoso, delicado, mas obstinado, que recusa o fim. Talvez seja memória, talvez seja fé, talvez seja apenas uma dobra do tempo, um quase nada secreto, onde o coração se esconde quando não sabe continuar. Sandra L. F. ...